Senso de missão e indignação motivam o engajamento de empresários na política

Romeu Zema, presidente do conselho de administração do Grupo Zema ?um conglomerado que inclui redes de lojas de eletrodomésticos, concessionárias de veículos e postos de gasolina?, passou a ter insônia ao ser convidado pelo Partido Novo para, em meados de 2017, concorrer ao governo de Minas Gerais.

Zema pensava nas centenas de trabalhadores que teve de demitir na recessão, provocada pela crise. Ele sempre pregou que seu grupo ficasse longe da política e dos políticos, mas, naquele momento, se sentiu culpado.

?Se deixamos a política apenas para as pessoas sem ética que estão aí, também somos responsáveis?, diz.

Sua consciência só se acalmou após se afastar do conselho de administração da empresa e começar a percorrer Minas em busca de votos.

Zema não é o único com esse sentimento.

Entre os motivos para a mudança radical, empresários ouvidos pela Folha citam falta de opção de candidatos, os efeitos da crise econômica sobre os negócios e até idealismo.

Nas palavras de Flávio Rocha, dono da Riachuelo que chegou a se filiar ao PRB para disputar a Presidência da República, mas depois desistiu, existe uma espécie de ?senso de missão? entre seus pares, provocada pela indignação contra a corrupção explicitada pela Lava Jato.

Há ainda um certo pragmatismo, detonado pela recessão e pela percepção de que políticos tradicionais podem destruir a economia se deixados sozinhos no comando do país.
Leia mais (08/19/2018 – 02h00)