Sangrento filme de época da Netflix, ‘Legítimo Rei’ abre Festival de Toronto

A Netflix conquistou 190 países, mas não consegue conquistar o Oscar. Ou melhor, ela até tem uma única estatueta, pelo documentário ?Ícaro?, neste ano. Ainda assim, é um desempenho pífio se comparado aos malabarismos empreendidos pela gigante do streaming para agradar a Academia.
 
Enxotado do Festival de Cannes, que cedeu à pressão de só exibir filmes que passarão nas salas de cinema, o serviço de vídeo sob demanda é bem-vindo no Festival de Toronto. Não só bem-vindo. É cortejado.
 
A mostra canadense reservou à Netflix a sua sessão de abertura. ?Legítimo Rei?, sangrento filme de época dirigido por David Mackenzie, abriu o evento em uma de suas salas mais nobres, o Princess of Wales.
 
Ali, naquele auditório para 2.000 lugares, camarotes com parapeito rococó e mural abstrato no teto, uma plateia com traje de gala se sentava para ver um filme que daqui a pouco estará disponível na televisão de casa.
 
Essa é uma das grandes ironias de ?Legítimo Rei?. Para esse longa, o diretor regeu uma ópera de fortíssimo apelo visual e riqueza sonora que mal serão desfrutados se não numa sala de cinema.
 
A trama acompanha a trajetória de Robert The Bruce (Chris Pine), nobre escocês que no século 14 se insurgiu contra o domínio inglês e instaurou a independência do país.
 
Mackenzie, de ?A Qualquer Custo?, mostra que teve esmero em recriar a Escócia da época, por onde o protagonista perambula recrutando soldados sob o mote de que é ?o rei do povo, e não o da terra?. O cineasta não esconde seu fetiche por sujar todos os personagens com lama e sangue na cara.
 
Apesar do enfoque mais sóbrio e realista, o que fica é um discurso não muito distante da anglofobia escancarada de ?Coração Valente?, a obra repleta de anacronismos dirigida por Mel Gibson. Ambas retratam o mesmo cenário e o mesmo momento histórico.
Leia mais (09/07/2018 – 11h36)