Retrocesso fumegante de três décadas

A fumaça do tempo se dissipa em Berlim, que está para celebrar 30 anos da queda do muro que a dividiu e envergonhou o mundo por outras três décadas, quase (1961-1989). No Brasil, ela se espessa. Berlim inteira cheirava a enxofre, na passagem do outono para o inverno de 1988-89. Usava-se muito carvão para aquecer as moradias, briquetes fabricados a partir do linhito, uma forma inferior do mineral fóssil (em alemão se diz “carvão marrom”). Esse odor era mais forte, pungente mesmo, na parte oriental da cidade dividida pela Guerra Fria. Ajudava a compor, na imaginação e depois na memória, uma representação lúgubre do que o socialismo esclerosado tinha a oferecer para milhões de alemães orientais enclausurados na República Democrática Alemã (RDA). O muro se foi, e com ele o cinza tingido de vermelho de Erich Honecker et caterva. A Alemanha reunificada se encheu das cores ocidentais, ainda que sombras protonazistas se projetem desde o leste com a Aliança pela Alemanha (AfD, na língua do país). Em 2017 a nação dirigida por Angela Merkel já havia reduzido em 27% suas emissões de CO2 e outros gases do efeito estufa. No setor de energia, foi além: 30%. Tem planos de eliminar o carvão da matriz até 2038, mas há dúvidas quanto à meta ser exequível.
Leia mais (08/25/2019 – 12h04)