Retorno a escola em Suzano tem terapia em grupo com pais e filhos

Uma sala antes tomada por cadeiras enfileiradas cede lugar para uma grande roda. Nela estão adolescentes, pais, psicólogos, pedagogos e um caxixi (chocalho africano).

O pequeno cesto de palha trançada com sementes dentro circula pelas mãos dos participantes e o seu barulho é usado para marcar o início da fala de cada um. É o momento de apresentação.

A primeira a falar é uma menina do 8º ano do ensino fundamental. Ela diz seu nome e chora quando relembra os amigos que morreram em sua escola.

Continua a chorar pelo peso que sentiu ao cruzar o saguão e não mais ver ali a tia Marilena, conhecida por ter, segundo ela, “o maior ombro amigo do mundo”.

Ela passa o caxixi para a colega do lado, que fala da saudade que sente de Eliana, a inspetora que não deixava ninguém flanar pelos corredores quando as aulas estavam acontecendo.

O caxixi passa pelas mãos de todos até o final da primeira rodada. Os 20 participantes haviam compartilhado o trauma deixado pelo massacre que deixou cinco amigos mortos, além de Marilena, de Eliana e do tio de um dos dois atiradores.

Foi assim, com rodas de conversa mediadas por psicólogos, que a Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (Grande SP), reabriu nesta quinta-feira (19), seis dias depois da tragédia.
Leia mais (03/19/2019 – 18h19)