Da Venezuela ao México

Se a Venezuela fosse um país democrático normal (ainda que com os costumeiros traços latino-americanos de instituições quebradiças, redes de poder opacas e pobreza amplamente difundida), seria possível aguardar a próxima eleição com a esperança de que Nicolás Maduro desapareça nas brumas de onde surgiu. Mas a Venezuela não é um país normal e, se Maduro conseguir consolidar com mais firmeza seus vínculos com o exército e com uma burocracia fortemente ideológica, o risco é de que dentro de 60 anos (como acontece em Cuba desde 1959), seus descendentes ainda estejam no poder, exaltando como façanha de resistência ao imperialismo uma mistura de pobreza distribuída (mais ou menos) equitativamente, partido único e bocas rigorosamente seladas. É daí que surge a pressão para que o regime inaugurado por Hugo Chávez seja desmontado antes que se petrifique e elimine toda possibilidade de reconstruir uma normalidade democrática que, desta vez, demonstre maior atenção ao social do que foi o caso nos 40 anos anteriores à chegada de Chávez ao poder. O que está em jogo no momento são muitas décadas de futuro.
Leia mais (04/01/2019 – 15h15)