Na Flip, rainha do horror russo canta Besame Mucho, tira sarro e diz que ama gatinhos de paixão

Vestindo preto dos sapatos ao chapelão, a escritora Liudmila Petruchévskaia, 80, tirou sarro de sua entrevistadora, ouviu ?fiu-fius? da plateia, cantou ?Besame Mucho? e disse amar os gatinhos ?de paixão?. ?E as crianças também, porque dá para pegá-las no colo?, falou na noite deste sábado (28) na Flip.
 
Foi mais um dia qualquer na vida da rainha do horror russo, um dos grandes destaques desta edição do festival literário de Paraty.
 
Ela, que também é compositora e canta na noite de Moscou, vem ao Brasil a reboque de ?Era uma Vez uma Mulher que Tentou Matar o Bebê da Vizinha? (Companhia das Letras), coletânea de contos mórbidos e sinistros que bebem do folclore de seu país e das cicatrizes de décadas de autoritarismo.  
 
A escritora tinha 3 anos quando começou a Segunda Guerra e viu três pessoas da família morrerem, outras serem presas. ?E passamos fome. Um pão tinha que durar vários dias e servir várias pessoas.? À noite saía à procura de espinhas de peixe, restos de pão e de batata nos lixos.
 
Mas, abriu uma ressalva, aqueles ?anos não foram ruins?. ?Eu aprendi a fugir, aprendi a pedir esmola. Só não aprendi a roubar. Isso eu não sei até hoje?, disse ela, que ficou de pé todo tempo, ?por respeito ao público?.
 
Diz que aprendeu a contar histórias com a avó acamada, que tinha uma ?memória fenomenal? e sabia ao pé da letra contos de Nikolai Gógol. Também ajudou o fato de ela contar com o que Petruchévskaia chama de ?orelhas de elefante?.
Leia mais (07/28/2018 – 23h16)